Neste artigo, vou abordar a história da reflexologia podal, que envolve a aplicação de pressão nos pés para influenciar outras partes do corpo.
A reflexologia é uma técnica terapêutica na qual a aplicação de pressão em uma parte do corpo produz efeitos em uma área distante daquela que está sendo manipulada.

Existem várias áreas reflexas como as mãos, orelhas, cabeça e pés. Ou seja, extremidades do corpo.
Esta abordagem de massagem é bastante difundida pelo mundo e tem cada vez mais adeptos já que possuem diversos efeitos benefícios a nível físico e emocional.
Pré-história – História da reflexologia podal
Desde que adotou o bipedalismo, o ser humano passou a depender da força e integridade dos pés para se locomover. Imagina como nossos ancestrais precisavam caminhar para coletar, caçar e explorar novas terras, uma vez que eram nômades.
Com isso, nossos pés precisaram se adaptar e evoluir tanto quanto nossas mãos, com seus polegares opositores. Apenas com as mãos livres, os seres humanos puderam transportar ferramentas, armas e outros objetos.

No entanto, nossos antepassados demoraram muito para desenvolver calçados, o que nos leva a imaginar o quanto deveria ser difícil e doloroso. Podemos também imaginar o quanto os pés desses seres eram poderosos.
A partir desses tempos antigos e pouco registrados, podemos inferir que essas pessoas já se massageavam e medicavam os pés. Portanto, é válido afirmar que a reflexologia podal ou o cuidado com os pés é algo ancestral e intuitivo da existência humana.


Mesmo tendo adotado o bipedalismo há mais de 6 milhões de anos, ainda hoje o ser humano precisa de 8 a 18 meses para aprender a andar. Nesse processo, são necessárias mudanças no aparelho locomotor e adaptações neurais para que o ser humano finalmente consiga dar os primeiros passos.
Vale lembrar que os primeiros calçados de que se tem registro só surgiram há 5 mil anos na Mesopotâmia e no Egito. Até esse momento, o ser humano estava ligado ao solo, assim como todos os outros animais.
Por isso, é importante destacar a importância de deixar os sapatos de lado e andar descalço no solo para aterrar.
China antiga – 5000 a 3000 a.C.
Grande parte dos estudiosos e autores de vários livros e artigos relacionados à História da Reflexologia Podal destaca a crença de que os primeiros registros se originaram na China, entre 5000 e 3000 a.C. anos atrás.

No livro de Hang Xion Wen e Maria Kuabara, afirma-se que, assim como a acupuntura, a farmacologia chinesa e o Qigong, a Reflexologia Podal tem suas raízes na antiga China. Isso é resultado do agudo espírito de observação dos sábios chineses.
Nesse tempo, a Reflexologia Podal era praticada como medicina ancentral, ainda não atingindo o grau de desenvolvimento científico como a acupuntura e a farmacologia chinesa.
Egito – 2330 a.C.
Em 2330 a.C., registros encontrados no Egito, no túmulo do médico Ankmahor em Saqqara, revelam que os antigos egípcios praticavam técnicas de massagem nos pés como parte de tratamentos de saúde. Esses registros pictóricos mostram o que parece ser uma forma de Terapia Podal sendo aplicada a dois pacientes.
Sem dúvida é um dos registros mais relevantes da História da Reflexologia Podal.

Na parede de fundo, são visíveis símbolos de energia, incluindo “o pássaro branco da paz e do paraíso”, que representa serenidade, prosperidade e boa vontade, juntamente com outros desenhos, como aves, pirâmides, ferramentas e símbolos não identificados.
De acordo com Dougans e Ellis (1992), a representação sugere que um dos terapeutas estava concentrado nos pés de um paciente, enquanto o outro se ocupava das mãos.
Mohamed Elawany, um egípcio, descreveu que as pessoas representadas com pele escura e cabelos encaracolados, à moda dos africanos, eram terapeutas vindos do Egito superior para tratar os habitantes do Egito inferior, que tinham pele clara e cabelos lisos.
A posição dos pacientes variava, e o toque dos terapeutas correspondia aos pontos de pressão associados aos problemas de saúde dos pacientes.
O terapeuta que se concentrava nos pés estava sentado de costas para o paciente, presumivelmente para evitar qualquer desconforto que poderia surgir ao aproximar os pés do rosto de outra pessoa. Além disso, acredita-se que colocar uma das mãos sob a axila do paciente durante a sessão ajudava a liberar a energia do corpo e garantir seu retorno, evitando dissipação. A crença na perda de energia vital enfraquecendo o organismo era prevalente.
Os pictogramas nas paredes também enfatizam o conceito de energia, com uma linha azul em ziguezague representando as águas turbulentas do Nilo e, por extensão, a força vital do universo. As pirâmides acima das cabeças de cada dupla também simbolizavam a energia.
Índia e Hiduismo – 1500 a.C.
O Hinduísmo traça suas origens ao ano de 1500 a.C., quando os primeiros textos sagrados conhecidos como Vedas surgiram. Algumas teorias apontam que suas raízes podem ser ainda mais antigas, remontando à pré-história. Atualmente, é a terceira maior religião do mundo em número de seguidores.

Os hindus são politeístas, acreditando em vários deuses, sendo Vishnu um dos principais, encarregado da manutenção do Universo. A consorte de Vishnu, a Deusa Lakshmi, é frequentemente representada massageando os pés de lótus de Vishnu.
Estes fatos também contribuem para entender como esta cultura influenciou a História da Reflexologia Podal.
A Deusa Lakshmi, simbolizando riqueza e boa sorte, é frequentemente associada a bens materiais e prosperidade ilusória. Os mortais não têm controle sobre Lakshmi, apesar de muitos dedicarem suas vidas à busca dessas riquezas.
No entanto, Lakshmi ensina que a verdadeira prosperidade é alcançada servindo os pés do Supremo. A deusa da riqueza mostra que adorar os pés do Supremo é superior a acumular tesouros terrenos, mesmo em uma época onde a riqueza é frequentemente mais reverenciada do que o divino.
Na antiga tradição hindu, mostrar respeito tocando os pés dos pais e sábios é uma prática comum em toda a Índia. Essa demonstração de reverência é considerada uma fonte de bênçãos, pois aqueles que tocam os pés daqueles a quem reverenciam recebem mantras de benevolência, longevidade e sabedoria. Às vezes, as pessoas até se prostram no chão com as mãos estendidas em direção aos pés daqueles a quem prestam homenagem.

No contexto Védico o Pada é mencionado como um importante Karmendriya (ógão de ação), existem vários tratamentos voltados para os pés, como a Padabhyanga, bem como outras terapias, como a marma terapia, que considera pontos reflexos denominados “pontos marmas,” juntamente com canais sutis de energia que servem como caminho para o prana.

Budismo e a História da Reflexologia Podal 530 a.C.
Pegadas atribuídas a Buda são encontradas em toda a Ásia, datando de vários períodos. O autor japonês Motoji Niwa dedicou anos rastreando essas pegadas em diversos países asiáticos. Estima-se que ele tenha encontrado mais de 3.000 dessas pegadas, incluindo cerca de 300 no Japão e mais de 1.000 no Sri Lanka.

Essas pegadas frequentemente apresentam características distintivas, como o Dharmachakra no centro da sola ou os 32, 108 ou 132 sinais auspiciosos de Buda, gravados ou pintados na sola.
Inicialmente, no budismo, as pegadas de Buda eram encontradas em relevos que contavam a história de sua vida. No entanto, à medida que a visão de Buda passou a ser considerada sobre-humana, a ideia de que ele possuía atributos físicos únicos em relação aos seres humanos comuns foi desenvolvida.
Assim, foram descritas trinta e duas características principais e oitenta subcaracterísticas para distinguir a forma física de Buda, embora a natureza desses sinais varie em diferentes textos budistas.
Alguns sites relacionados à Terapia Podal afirmam que monges budistas praticavam algum tipo de terapia nos pés, uma tradição supostamente ensinada por Buda.
Tailândia – século III a.C.
A Massagem Thai Yoga foi desenvolvida na Índia no século VI a.C, no Ashram de Buda. Ela chegou à Tailândia mais tarde, no século III a.C. O médico Jivaka Kumar Bhaccha é considerado o pai da massagem.

Devido à diferença linguística entre a Índia e a Tailândia, o doutor Jivaka Kumar Bhaccha começou a ser chamado Dr. Shivago Komarpaj.
Dr. Shivago Komarpaj desempenhou um papel crucial ao trazer e ensinar técnicas de massagem e outras artes de cura para os monges e a população tailandesa.
A Massagem Thai Yoga e a Terapia Podal Tailandesa se complementam de maneira perfeita. Enquanto a Massagem Thai equilibra os elementos da mente e do corpo, a Terapia Podal estimula os órgãos internos, proporcionando um tratamento holístico completo para o receptor.

De acordo com a medicina tailandesa, existem canais sutis chamados “linhas sen” por onde a energia LOM flui, além de pontos terapêuticos, assim como em outras tradições ancestrais de cura.
Hoje a Reflexologia Podal é muito popular na Tailândia e é praticada por milhares de pessoas nas ruas e spas.
Japão – Sec. V
Por volta do século V, o budismo se espalhou da Coreia para o Japão. Os monges budistas compartilharam seus conhecimentos com a cultura japonesa nos templos. Tornou-se uma norma estudar medicina oriental por sete anos antes de praticá-la em um templo, como parte da disciplina espiritual budista.
Em algum momento da história japonesa, um médico conhecido como Kada aperfeiçoou a técnica de massagem nos pés ao adicionar óleo.
Ele também incorporou técnicas ancestrais de massagem Anmá, que eram populares no Japão. Kada manteve seus ensinamentos em segredo, e diversos ramos se desenvolveram a partir de seu método, perpetuado em certas famílias japonesas.
Hoje, no Japão, a Terapia Podal é amplamente difundida e pode ser encontrada sob diversos nomes, como “Sokushindo”, “Ashiura massage”, “Reflexology” e “Ashitsubo”que significa “ponto de tratamento nos pés.”
Conclusão da História da Reflexologia Podal
Sem dúvida foi um longo caminho de evolução e aprendizado até os dias de hoje. Com este conhecimento ancestral sendo passado de mestre para discípulo a cada geração. É muito interessante perceber como esta arte parece nunca envelhecer, uma vez que continua crescendo e gerando benefícios aos seus praticantes.
Assim como é muito interessante ver que em cada cultura a reflexologia ganha características distintas, nomes e manobras particulares de cada mestre.
Talvez por isso este conhecimento nunca pare de crescer e atingir cada vez mais pessoas.